A liberdade é uma mulher
Por fim, o amor cansou-se. Sentiu estafa, tonturas, fome, dúvidas, incerteza. Fora por muito tempo mal alimentado. Juntou suas trouxinhas, coisa pouca, mala miúda, bagagem pequena. Cansou de ser chefe, sentiu que não servia para líder ou qualquer serviço grande que ali fizesse. Deixou pra trás uma saudade com ares de menina crescida, porém incerta. Queria que o amor voltasse. Depois não. Não fez birra nem beicinho. Virou moça, a saudade. Virou saudade moça. Juntou também suas trouxas, coisa grande, bagagem volumosa, cheia de razão. Mudou-se para o interior, longe, quieto, pouco visitado. A nostalgia não aguentou e correu atrás. E então se foram. Um, depois outro e outro mais. Deixaram para trás apenas uma vontade, com ares adolescentes, porém convicta. Rebelde, teimou em ficar. Bateu o pé. Não foi. Tomou conta a tal da vontade, sentiu que era líder, feito puxador de escola de samba. Organizou toda a bagagem que tinha sido esquecida para trás e se viu só. Sentiu-se livre. A insegurança é uma menina. A inconstância é uma moça. A liberdade é uma mulher.
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