Cia. Nós no Bambu apresenta poética em novo espetáculo: O vazio é cheio de coisa
Poema Muhlenberg é conhecida pela movimentação corporal poética e pelo olhar encantador ao contar histórias. Seu novo espetáculo, O vazio é cheio de coisa, surgiu de um processo criativo em treinos livres. Entre a dança acrobática e o corpo que se mistura aos instrumentos artesanais de bambu, a Cia Nós No Bambu mostra uma síntese afetiva e visceral da artista ao longo de seus 15 anos de aprendizagem. O espetáculo fica em cartaz de 5 a 7 de outubro, na Funarte Brasília.
O espetáculo não tem texto e toda a narrativa é contada a partir da movimentação corporal aprendida com a Nós no bambu. A montagem surgiu, enfim, em um fluxo criativo que levava Poema a diferentes estados, qualidades de movimento imaginários e brincadeiras. “Registrei essa experiência em texto e a conclusão do mesmo era: O vazio é cheio de coisa. Ou seja, quando estamos abertos, livres de expectativas e receptivos e vazios, somos preenchidos pela inspiração”, destaca a artista.
A poética do movimento da cia Nós no Bambu
Um vez criado o instrumento acrobático do espetáculo – um bastão de bambu de 2,9m, chamado de Maestrim – Poema iniciou a pesquisa de possibilidades de movimentação e relacionamento poético com o mesmo. Desta fase, participaram Edson beserra e Ana Flávia Almeida, uma das fundadoras da Cia Nós No Bambu. As narrativas surgem no olhar no público por meio da interação entre corpos, bambus, som e luz. A dramaturgia é, enfim, criada de forma colaborativa com a plateia.
“Em paralelo e este trabalho corporal mais concreto, eu gerei alguns textos e fiz pesquisas sobre alguns temas que me inspiram. Como a física quântica e o zen. Estes temas se mesclaram ao processo de criação coreográfica. Gosto muito de conversar com o público depois do espetáculo e fico encantada com a diversidade de interpretações dadas à cena.”, afirma a criadora.
Por fim, o título é uma provocação para que cada espectador dê sua própria interpretação após assistir ao espetáculo. Estão presentes temas como masculino e feminino, contraste e oposição, tempo, contemplação, natureza, arquétipos. Entre as filosofias do grupo, está a proposta de autonomia e interação com a planta da forma mais integrada possível. Sendo assim, os próprios artistas montam as estruturas utilizadas em cena.
Duas perguntas para Poema Muhlenberg
Foto: Daniel Lavener
Como é seu preparo corporal como atriz e artista circense para os espetáculos? Há quinze anos pesquiso a interação entre corpo e bambu como expressão artística – a arte corpo bambu. E ao longo do tempo, estudei diversas tradições e linhas de trabalho, como dança moderna, dança contemporânea, ginástica artística, capoeira, comicidade física, contato e improvisação, antropologia teatral, dança do ventre, cultura do movimento, pilates, butoh.
Estas ricas trocas foram possíveis graças ao contato com diferentes diretores e colaboradores, cursos e treinamentos continuados. Durante os cinco meses de criação da peça, complementei meu preparo corporal com treinos na Pratique Movimento, vinculada à Cultura do Movimento, de Ido Portal.
Como são os processos criativos do Nós do Bambu? Vocês partem do improviso corporal para criar as cenas?
Cada espetáculo nasceu de uma forma diferente. Uirapuru Bambu e Ultrapassa surgiram de temas específicos, por exemplo. No TEIA, as bailarinas acrobatas, durante um processo de um ano de pesquisas, compartilharam temas que as tocavam e isso se entrelaçou à pesquisa de movimento.
Em Mar sem Beira, iniciamos com a pesquisa do instrumento acrobático – Tripé – e em seguida surgiu o nome do espetáculo. Logo depois, ele nutriu nosso imaginário, levando à definição da trilha, figurino e criação dos personagens pelos intérpretes criadores. Nos processos criativos usamos bastante a improvisação para gerar material, mas até agora, optamos por transformar esses materiais em uma coreografia.
Serviço
Espetáculo: O vazio é cheio de coisa
Local: Funarte Brasília
Data: 5 a 7 de outubro
Horário: 19h
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