Espaços Culturais: João Porto conta o segredo da resistência cênica do Galpão do Riso, confira entre
O Galpão do Riso, importante espaço cultural localizado em Samambaia, se consagra no Distrito Federal como um eficiente centro de pesquisa, difusão e ensino da arte. A iniciativa começou em 2003, tendo como sua primeira sede o Parque Três Meninas e em 2011 foi transferido para um Centro Comunitário que se encontrava ocioso há mais de dois anos. A ideia é movimentar a cultura e as artes cênicas para além do centro.
O Galpão busca manter um forte diálogo com a comunidade ao redor e em 2010 foi reconhecido como Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura. As oficinas e espetáculos, assim como as atividades formativas, são constantes. João Porto, um dos fundadores e diretores do espaço, conta como a pesquisa, a vontade de disseminar a tradição cênica e a produção cultural, ajudaram a transformar o espaço em um dos fortes pontos de cultura de Brasília.
O nome de seu palhaço, Lála, foi escolhido no curso de iniciação ao clown com o grupo Lume. No curso, o aspirante a palhaço passa por uma espécie de ritual cômico de iniciação para receber seu nome de palhaço que tem a ver com suas características físicas e psicológicas pessoais.
Confira entrevista com João Porto
Qual a sua experiência com o teatro, o circo e o Galpão do Riso?
Iniciei no teatro em 1996 em Brasília com uma oficina de confecção e manipulação de bonecos com José Regino, em 1997 ingressei no grupo Celeiro das Antas, no DF, onde fiquei até fim de 1998. Depois fui para Salvador-BA onde realizei estudos na linguagem do clown com o curso VIII Retiro de clown realizado pelo grupo Lume (São Paulo).
E no circo (Escola Picolino) onde estudei técnicas circenses (acrobacias de solo, perna de pau, malabares, equilíbrio no arame e monociclo). Em 2002 Retornei para Brasília e dei iniciativa a criação do Espaço Galpão do Riso, por sentir necessidade da existência de um espaço que fosse voltado e priorizado para a criação artística.
Acreditei que deveria existir um espaço que fosse artístico e que abarcasse o fazer de artistas de forma contínua na comunidade de Samambaia. Desde então o Espaço Galpão do Riso desenvolve atividades de pesquisa, ensino e difusão artística focando nas linguagens teatral, circense e no clown tendo como parceiros A administração de samambaia que disponibiliza o espaço físico (Centro Comunitário que se encontrava ocioso e depredado antes da chegada do projeto) a UnB com projetos artísticos pedagógico e orientação de pesquisa.
O espaço foi revitalizado e reformado por iniciativa dos próprios artistas que colocaram a mão na massa para reformar, pintar, trocar telhas, piso para deixar o espaço adequado para as atividades artísticas.
Como o Galpão do riso movimenta a cultura de Samambaia?
Em 2018 o Espaço Galpão do Riso completará 15 anos de atividades. Ter um espaço que priorize a arte e atividades de criação, cursos, apresentações teatrais, encontros, intercâmbio torna o espaço como um local de grande potência propulsora do fazer teatral que propicia alcançar novos públicos que aos poucos se interessam e apreciam as atividades realizadas no espaço.
Foto: Débora Amorim
O espaço colabora para uma formação sociocultural em samambaia tendo um papel de formação de plateia pois não como forma de entretenimento mas também como forma de vivência e reflexão provocadas pelo teatro, pelo circo e pela linguagem do clown.
Há quinze anos o espaço alcançou mais de trinta mil pessoas. Entre cursos, oficinas, apresentações artísticas, encontros e intercâmbios tanto com artistas locais, nacionais e internacionais. A continuidade das atividades de forma contínua, torna o Espaço Galpão do Riso em Samambaia uma referência de local de pesquisa, ensino e difusão artística.
Quais são as principais atividades do espaço? Elas são constantes e gratuitas?
Todas as atividades são gratuitas. Existem quatro projetos contínuos no espaço, eles são:
O PEAC (Projeto de Extensão de Ação Contínua) Núcleo de Trabalho do Ator – Nutra vinculado ao Departamento de Artes cênicas da UnB. Ele se organiza no formato de Laboratório, que realiza estudos e prática de pesquisas voltadas ao treinamento do ator. Além de estudo da linguagem do clown e de instrumentos musicais.
O projeto Ginga Menino que envolve a arte da capoeira. Logo depois, danças e cantos de origem afro-descendentes com reciclagem de lixo orgânico para crianças jovens e adultos.
Recentemente o espaço abrigou um projeto de Ginástica e educação corporal. Ele é voltado para jovens adultos e idosos. Um laboratório voltado ao estudo e treino do palhaço que envolve artistas e estudantes. Eles buscam, por fim, se profissionalizar na linguagem do palhaço.
Por fim, o Espaço Galpão do Riso realiza também o encontro “Mostra o Clown”. Ele reúne artistas experientes e iniciantes para durante 8 dias vivenciarem o estudo da linguagem.
Qual a importância do teatro e do circo para a sociedade atual?
Enfim, acredito que no Circo e no Teatro a sociedade desenvolve e exercita a vivência. Além disso, o pensamento reflexivo social por meio da arte. O exercício da construção cultural e das manifestações artísticas em suas várias formas são celebradas. São dois locais que desde os tempos mais antigos tecem seu diálogo, um influenciando o outro de forma saudável.
Que tipo de reflexões e movimentos o Galpão do Riso pretende despertar? Como ele dialoga com a comunidade?
Enfim, entendo que o papel do Espaço Galpão do Riso é de propiciar um local adequado para que a criação. Além do estudo e da pesquisa. Simultaneamente, um espaço para que a difusão artística possa acontecer de maneira prioritária. E, desta forma, possibilita um ponto artístico para o desenvolvimento, gerando novo conhecimento para nossa área teatral.
Por fim, temos o desejo de provocar e impulsionar o fazer do ator como campo de conhecimento. Não apenas sermos vistos como um local de eventos artísticos que supre uma demanda sociocultural do Estado.
O Galpão consegue se inserir no restante do Distrito Federal? Como melhorar a circulação artística na capital e fazer as produções chegarem a cada vez mais gente?
Por ter conseguido ser contínuo o Espaço criou uma rede de colaboradores, de artistas e fazedores da arte. Essa rede tem contribuído para uma circulação tanto das produções locais quanto nacionais. Necessitamos também do fortalecimento de politicas públicas que valorizem mais as ações dos espaços independentes do DF. Somente desta forma, iniciativas como o Galpão poderão impulsionar a fruição de produtos artísticos inseridos nas comunidades das cidades Satélites.
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