Espetáculo Fio a Fio tem nova apresentação única no Espaço Cultural Renato Russo
O premiado espetáculo Fio a Fio volta aos palcos de Brasília e leva aos espectadores uma reflexão sobre o envelhecer. Enquanto jornalista, tive a oportunidade de entrevistar Gisele Rodrigues algumas vezes. Enquanto atriz, tive a sorte de ser sua aluna nas Artes Cênicas. Gisele é uma grande profissional e enriquece a cena brasiliense com criações que transitam entre a dança e o teatro. É o caso de Fio a Fio, que volta aos palcos de Brasília em apresentação única nessa quarta-feira (7) no Espaço Cultural Renato Russo.
O primoroso trabalho de Giselle Rodrigues e Édi Oliveira constrói-se a partir das estéticas e dos elementos da dança-teatro e cria uma atmosfera de reflexão e reconhecimento acerca dos processos de envelhecimento do corpo. As ideias de fragilidade e solidão, além de afeto e companheirismo são mostradas em Fio a Fio através dos corpos de seus intérpretes, que buscam mostrar um tempo dilatado, equiparando-se às sensações de fragilidade e lembranças presentes na velhice.
Foto: Diego Bresani
Fio a Fio encantou espectadores em toda a cidade e foi vencedora no Prêmio Sesc do Teatro Candango em 2016 nas categorias de melhor espetáculo, melhor direção, melhor atriz, melhor trilha sonora, melhor cenário e melhor figurino. A atriz, dançarina e coreógrafa Giselle Rodrigues afirma que as linguagens da dança e do teatro se fundem e se completam em sua criação cênica e na expressão do corpo.
Fio a Fio: Poética e Dança teatralizada
O resultado é uma dança teatralizada ou um teatro dançado, extremamente físico em sua expressão. “Fio a Fio solicita uma atmosfera mais intimista, pois é baseada no detalhe do simples, nas expressões de olhares dos interpretes, na espacialidade comedida, na dilatação dos tempos, nos silêncios prolongados, para que o público de alguma forma desacelere e entre no tempo proposto pela encenação”, destaca Giselle.
A intérprete conta que a criação dos personagens aconteceu de maneira processual e, inicialmente não havia personagens, mas experimentos corporais, de qualidades distintas de movimento para expressar uma sensação de um corpo que perde velocidade, que perde agilidade, em que a lentidão se afirma.
A narrativa de Fio a Fio foi se construindo por meio de estímulos, sendo que existiam textos falados de forma improvisada, sobre situações vividas, ou observadas sobre o tema envelhecer. Os dois intérpretes não decidiram criar, necessariamente, um espetáculo de dança ou teatro, deixaram que os movimentos fluíssem de acordo com sua própria intimidade com a dança.
“Corporalidade e experimentos com a oralidade andaram muito juntos. Às vezes a repetição verbal de determinada frase estimulava o surgimento de uma qualidade de movimento, e vice-versa”, aponta a bailarina.
Preparação corporal
A ideia é experimentar as possibilidades criadas pelas artes cênicas, cada vez mais misturadas e ricas em diversidade. Para inspirar a criação, Giselle gosta de observar as pessoas em seu cotidiano.
“Acho o corpo humano a coisa mais linda do universo, principalmente a sua diversidade. Musica me inspira e texto também. Às vezes encasqueto com um tema e fico ruminando ele por anos até eu materializá-lo num espetáculo”, conta a artista.
A disciplina para estar bem em cena é constante. Giselle rodrigues afirma que é importante escutar as informações que o próprio corpo lhe transmite com o decorrer do tempo. Por fim, entender suas transformações. “Estou sempre envolvida com uma atividade física. Seja pilates, musculação, yoga, caminhada, e não é só para estar bem nos palcos, mas para estar bem na vida. Tenho que sentir o sangue circulando no meu corpo”. O aquecimento e alongamento corporal fazem parte da rotina de preparação que antecede as apresentações.
Foto: Diego Bresani
Em Fio a Fio Giselle e Édi Oliveira buscam um aquecimento em conjunto, com dança, contato-improvisação e encaixes corporais.
“Contato de corpo com corpo sempre aquece muito. Essa disciplina de aquecer o corpo vem da dança. Se o bailarino não se aquece antes de entrar em cena, ele simplesmente não funciona muito bem. Pode se machucar terrivelmente”, lembra a dançarina.
Para subir ao palco, a atriz busca observar sua própria respiração e sentir o peso do corpo. Logo depois, cria intimidade com o espaço, deixando vivo o desejo de estar ali com o público. Por fim, Giselle se coloca pronta para o bem recebido trabalho que desenvolve em sua criação cênica. A passagem do tempo e as delicadezas do corpo são marca constante de Fio a Fio. O espectador deve sentir de perto a experiência dessa passagem de tempo corporal.
Serviço
Espetáculo Fio a Fio
Data: 7 de novembro
Local: Sala Multiuso – Espaço Cultural Renato Russo
Horário: 20h
Entrada Franca
A sessão conta com intérprete de libras
Classificação indicativa: 12 anos Lotação da sala: 220 lugares Obs.: Os ingressos serão distribuídos com 1 hora de antecedência
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