Festival de Leitura: Literatura para crianças e formação de leitores ganham força no Uniduniler
O festival de leitura Uniduniler, criado pela jornalista e escritora Alessandra Roscoe, nasce com o objetivo de expandir a relação literária e alcançar novos espaços de leitura. O projeto transita entre creches, escolas, hospitais, asilos e abrigos, percorrendo pontos dificilmente alcançados pela produção cultural. A linguagem plural e a busca pelo afeto marcam as principais características do festival, que cumpre um importante papel ao furar os eixos centrais de criação e circulação das obras.
O festival de leitura ganhou reconhecimento internacional em 2017 por sua importância na implementação do hábito da leitura para a primeira infância, crianças de zero a seis anos. Desta forma, o Uniduniler se estabelece como um importante eixo na formação de leitores na capital. Além disso, a 5ª edição segue a busca pela descentralização na cultura do Distrito Federal e percorre diferentes regiões administrativas com muitos livros, leituras e afetos.
Fotos do Uniduniler: Adriana Franzin
O festival leitura deixa uma marca positiva na cidade e firma a característica social e as inúmeras possibilidades de transformação proporcionadas pela literatura. Além disso, a troca poética do afeto proporcionado pelo festival reforça a ideia de que boas histórias podem transitar de maneira positiva por inúmeros ambientes.
Literatura para a infância
O festival de leitura Uniduniler transita pela formação literária de crianças, jovens, adultos e idosos, mostrando a força de sua diversidade. A formação inicial é potencializada no projeto, que pensa com carinho especial nos pequenos leitores. Além disso, na primeira infância, a leitura quase sempre precisa ser mediada, os pais estão juntos, dedicando tempo e afeto naqueles instantes de aprendizado.
Criar o hábito e a conexão prazerosa com a literatura desde a infância é o mais amplo caminho para criar possibilidades de vermos cada vez mais adultos leitores e conscientes de suas próprias leituras. O universo criado pela relação com os livros é enorme, passando pelo encantamento, pela descoberta de novas ideias e histórias e pela formação de novas reflexões e questionamentos.
Caminhos possíveis
Por fim, se uma criança, desde sua mais tenra idade, entende que folhear as páginas de um bom livro é um momento divertido e desconexo de obrigações, o contato com uma literatura cada vez mais diversa será ampliado durante a adolescência até a fase adulta.
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Leitura na primeira infância é, antes de mais nada, uma ferramenta para fortalecer vínculos afetivos que podem fazer a diferença para o resto da vida. E claro, ainda desenvolve potencialidades. Uma boa leitura pode, por exemplo, ajudar a espantar medos. Bebês que leem desde sempre tendem a se tornar leitores com muito mais facilidade”, afirma a idealizadora Alessandra Roscoe.
O Festival de Leitura, neste ano, teve início em junho com encontros de formação para idosos e jovens e com uma revoada de pipas ilustradas, mas vai concentrar suas ações ao longo de todo o mês de agosto, quando serão promovidos 16 eventos literários em creches, hospitais, escolas, asilos e também numa casa abrigo e num acampamento rural.
Para Alessandra, a ideia é mostrar que a leitura pode ser muito mais que decifrar códigos. Todos podem se encantar, simultaneamente, com o poder de um livro aberto. Além de uma história partilhada, mesmo quem ainda não sabe formalmente ler ou escrever, juntar letras para formar palavra.
Quem participa do festival de leitura
(Foto: Adriana Franzin) o Uniduniler trabalha com crianças, jovens, adultos e idosos
Entre os convidados do V FIL, estão a bailarina bielorrussa e arte educadora especializada em primeira infância, Inesa Markava, e a musicista portuguesa, Raquel Gomes, ambas do Berço da Artes da Sociedade Artística e Musical de Pousos (SAMP/Portugal).
Entre brasileiros estão Alessandra Roscoe, Adriana Nunes, Dad Squarisi, Romont Willy e Tino Freitas, todos do DF. Alex Gomes e Cris Alhadeff; do Rio de Janeiro. Alexandre Rampazo e Penélope Martins, de São Paulo; e o ilustrador Roger Mello, único brasileiro premiado com o Hans Christian Andersen de ilustração, considerado o Nobel da Literatura Infantil.
Conheça a estrutura do Uniduniler
Preparatórios de formação
Destinados a profissionais da saúde e da educação, assistentes sociais, cuidadores de idosos. Além de grupos de família. Por fim, os encontros capacitam pessoas em mediadores de leitura. Nas palestras, são partilhadas técnicas, repertório literário e acervo para a realização das leituras.
Rodas de leituras, histórias e cantigas
Onde a literatura, as narrativas orais, as artes plásticas, a dança e a música se encontram para despertar a alegria de ler. Escritores, ilustradores e músicos, promovem concertos de leitura, contam, ilustram e cantam e contam suas histórias.
Leituras com idosos
Conduzidas pelo afeto e pela troca, as atividades com buscam resgatar, por meio das leituras, retalhos de memórias que são “costurados” de maneira colaborativa em uma colcha poética de retalhos.
Leituras sensoriais com bebês
Como tudo o que é bom precisa ser dividido, as leituras oferecem oportunidades interativas de se descobrir a literatura de maneira prazerosa e com os mais diversos públicos. Com recursos sensoriais, bons livros. Além disso, diferentes formas de ler, Enfim, muitas histórias, o festival percorre lugares onde nem sempre a leitura está presente.
Confira dicas de leitura para casa fase, Por Alessandra Roscoe
Enfim, qual seria a melhor maneira de trabalhar a literatura em cada fase?
Bebês
No ventre, envolvendo todos que queiram emprestar sua voz para já estabelecer este vínculo. Eu sempre lia em voz alta. Desde o início da gravidez, meu marido e meus filhos experimentaram também momentos de leituras e conversas com a “barriga”. Nesta faze nem importa muito o que se lê. Eu lia tudo, romances, biografias e também infantis. Enfim, sempre em voz alta, tinha quase um ritual, aquele tempo era meu e do bebê!
Quando nasciam, as leituras continuavam quase que diariamente e sempre com livro na mão. A princípio sem interação aparente e muito rápido já com olhos contemplativos, sorrisos e balbúcias.
Crianças
Por fim, assim que ganhavam independência, meus pequenos já se aventuravam. Antes até de aprenderem a falar, com as leituras e até mediações de livros. Meus três filhos são leitores vorazes e já parceiros na literatura. Bia fez comigo os dois primeiros livros. Felipe ( 14 ) me deu o argumento de O menino que virou fantoche. Luiza ( 7) este ano publicou um conto numa coletânea com filhos e netos de escritores, o livro Filhos de Peixe, pela Editora Mar de ideias.
Eu acho que é na escola que infelizmente esses leitores que na infância se encantam com os livros se perdem. Arrisco dizer que muito por das obrigações todas que envolvem a leitura na escola. A escola anda dissociando leitura e prazer ao criar obrigações a partir dos livros. A criança lê para preencher fichas, fazer provas e os livros, muitas vezes são cheios de moral e ensinamentos, doutrinações.
Adolescentes
No ensino médio, nem se fala, só se lê aquilo que pede o PAS, o ENEM. Além de livros que na maioria das vezes não dizem nada àqueles jovens. Enfim, eles devem descobrir que literatura não tem que servir pra nada a não ser nos espantar. Além de nos emocionar, nos inquietar com a possibilidade de entrar em contato com outros olhares, outras realidades. Por fim, nós não estaremos pensando em formar leitores.
Literatura é prazer, todo o resto vem junto. O problema não é a pedagogia se apropriar da literatura. O problema é a literatura existir em função do pedagógico, para ensinar isso ou aquilo. Literatura é experiência estética, antes de tudo! O livro para muitas crianças é o primeiro museu!
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