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Foto do escritorIsabella de Andrade

Olympe de Gouges e a presença feminina na história

[Sensações Literárias – Olympe de Gouges]

“A mulher nasce livre e é igual ao homem perante a lei. A mulher tem o direito de subir ao cadafalso; deve ter igualmente o de subir à Tribuna”. (Olympe de Gouges – Declaração dos direitos da mulher e da cidadã, 1971).

Tive a sorte de ter, como o primeiro livro lido neste ano, Olympe de Gouges, que me lembra com ênfase da importância histórica de termos mulheres fortes lutando ao longo de nossa construção social. Olympe nasceu em meio a atmosfera patriarcal de 1748, com o nome de Marie Gouze, em uma cidade francesa chamada Montabaun, no sul da França.

Filha ilegítima da lavadeira Anne-Olympe e do Marquês de Pompignan, quis se mudar para Paris construindo seu nome como uma “mulher das letras”, em um tempo em que o direto ao pensamento crítico e à participação na vida pública pertenciam somente aos homens. Sua história é contada de maneira envolvente por Catel e Bocquet através de uma biografia em graphic novel.

Olympe quis mudar o pensamento de sua época, lutando contra a submissão das mulheres e sua falta de participação nas questões políticas de seu tempo. Os diálogos bem trabalhados e ilustrados colocam o leitor a par da personalidade dos personagens que rodeavam o convívio da revolucionária.

Os quadrinhos contam de maneira clara e simples os acontecimentos que culminariam na Revolução Francesa e na execução de Olympe, que redigiu, em 1971, a Declaração dos direitos da mulher e da cidadã (em clara crítica à Declaração dos direitos do homem e do cidadão, que deixavam de lado a participação feminina).

A revolucionária defendia suas ideias através de seus cartazes, panfletos e dos palcos do teatro, onde encontrou espaço para dar vida aos seus escritos. Suas criações dramatúrgicas defendiam a abolição da escravatura, a emancipação das mulheres, a instituição do divórcio e a criação de um teatro para a dramaturgia feminina (Olympe escreveu 30 peças de teatro).

A relação de Olympe com a escrita, a dramaturgia, o feminismo e o teatro me prenderam do início ao fim da história e sua trajetória mostra que o marco da Revolução Francesa, que propunha ideais de igualdade entre os indivíduos, não foi igual para homens e mulheres. A revolução colocava em pauta as relações entre os sexos, abordando o lugar de direito da mulher na sociedade, entretanto, muitos de seus líderes defendiam a manutenção do papel social da mulher.

As leis eram ainda criadas por homens, mas as mulheres já tomavam consciência de sua cidadania e, muitas delas, como Olympe, enxergavam a possibilidade de romper os padrões vigentes. Suas ideias eram perseguidas pelos revolucionários de seu tempo. Apesar da atmosfera de perseguição, a leitura é extremamente prazerosa.

O livro, publicado após uma pesquisa de três anos feita por seus autores, conta com 487 páginas; sendo que a trajetória da dramaturga se encerra na página 408 e, a seguir, o leitor encontra um espaço bem trabalho com a cronologia do enredo e uma pequena biografia de seus personagens. O recurso visual das ilustrações enriquece, e muito, o caráter de envolvimento do leitor com a biografia. Vale à pena a leitura.

 

Cronologia da vida de Olympe de Gouges:

  1. 1748: Nasce na cidade francesa de Montauban.

  2. 1788: Convocação da Assembléia dos Estados Gerais

  3. 1791: Escreve o panfleto Declaração dos direitos da mulher e da cidadã.

  4. 1793: É executada.

 

Sinopse

Em Montauban de 1748, nasce Marie Gouze, criada sob as convenções da França setecentista. Aos 18 anos, mãe e viúva, se vê livre para expressar suas ideias e adota o pseudônimo Olympe de Gouges. Anos depois se muda para Paris, onde participará ativamente da vida política e cultural. Fiel leitora de Rousseau, inspiradas pelas ideias libertárias da França pré-revolucionária, Olympe se dedica intensamente à escrita – atividade que levaria até os últimos dias de sua vida e que a causaria muitos problemas. Conquistou inimizades e escandalizou os mais conservadores, porém jamais deixou de defender seus ideais feministas e libertários.

Em 1791, redigiu a Declaração dos direitos da mulher e da cidadã, reivindicando a igualdade entre os sexos e o direito ao voto. Com muita beleza, esta graphic novel conta a trajetória de uma mulher forte e corajosa que carimbou seu nome na história da Revolução Francesa. Dos consagrados quadrinistas José-Louis Bocquet e Catel Muller, a HQ retrata através de belos traços os incríveis cenários e personalidades da França do século XVIII.

 

OLYMPE DE GOUGES [RECORD] Catel Muller / José-Louis Bocquet

Ano: 2014 Gênero: Quadrinhos Páginas: 488 ISBN: 9788501401465 Preço médio: R$ 95,00

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