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Foto do escritorIsabella de Andrade

Casa do Desejo: Sete escritores brasilienses participam de antologia

Atualizado: 5 de fev. de 2021

Com caixas e mais caixas de livros entre os braços, um bar com ares de livraria e um imenso repertório poético, Eduardo Lacerda tem feito, com a Editora Patuá, um trabalho bonito de se ver. Mantendo o ritmo da forte produção feita pelas pequenas editoras, a Patuá se firma, enfim, como um excelente de espaço para encontrar boa prosa e poesia contemporânea. Na próxima quinta-feira, dia 26 de julho, Eduardo reúne um time diverso em estilos, idades, regiões e trajetórias para lançar a Antologia Casa do Desejo, na Flip 2018. Por fim, é com muita alegria que ocupo um espaço entre as páginas desse projeto.


Confiei na Patuá para o lançamento do meu primeiro livro em uma felicidade tamanha. Por fim, é para ela que entrego o segundo e é com ela que realizo o sonho antigo de caminhar entre as ruas de Paraty durante uma edição da Flip 2018. A Festa Literária Internacional de Paraty chega a sua 16ª  edição e se consagra como um dos mais importantes eventos de literatura do país. Em 2018, o número de escritoras supera o de escritores e, simultaneamente, a homenageada da vez é a poeta Hilda Hilst.


Eduardo Lacerda: Editor da Patuá


A Antologia da Casa do Desejo será lançada, enfim, em meio a uma programação extensa organizada pela Patuá e outras pequenas editoras na Flip 2018. Sete escritores brasilienses participam do projeto: Isabella de Andrade, Cinthia Kriemler, André Giusti, Rosângela Vieira Rocha, Alexandre Marino, Leo Almeida e Paulo Brombal. Para Eduarco Lacerca, que reúne um elenco tão plural, o trabalho do editor é também um recorte de suas escolhas.


Flip 2018: Diversidade e poesia


A Casa dos Desejos faz parte da programação paralela, que enriquece ainda mais a farta programação oficial. A Patuá organiza a Casa do Desejo ao lado de outras iniciativas e editoras, como o Mulherio das Letras, Mundaréu, Quase Oito, Reformatório, Editora Urutau, entre outras.


Além disso, na programação paralela da Flip 2018, lançamentos de livros, papo com autores, poesia, teatro e exposições se encontram entre as ruas, praças e janelas da cidade histórica. A pluralidade é, enfim, marca registrada do evento, que abre espaço para os estreantes enquanto reúne nomes consagrados.


Estarei entre as páginas da Antologia da Casa dos Desejos

“Quase sempre, são escolhas muito pessoais, quando temos liberdade de publicar apenas aquilo que achamos interessante. Enfim, em quase uma década editando literatura, vejo que os diálogos que estabelecemos são sempre além daquele que propomos, pois por mais que exista uma proposta editorial, dialogamos com o imprevisível, com a recepção de poesia, de literatura, de cultura e essa recepção é dinâmica, ela se altera com o tempo”, afirma, por fim, o editor.

Casa dos Desejos: Diferentes trajetórias

Para ele, a forma como os leitores recebem a publicação de um livro de poemas e a forma como os leem pode mudar em pouco tempo. “Cada leitor reconstrói a literatura e isso é fascinante”. A escritora brasiliense Cinthia Kriemler lembra que Eduardo Lacerda é um sujeito agregador, qualidade rara nas pessoas.


Olha que antologia linda!

“Ele tem se proposto a fazer, de tempos em tempos, publicações que envolvem diferentes gêneros: crônicas, contos, poetas e trechos curtos de romances. Além disso, essa representatividade em Paraty é ótima, ele vai lançar nomes fortes e reconhecidos. Há muitos escritores com consciência social e política naquela antologia. Tudo isso é uma manifestação política saudável e importante dentro da literatura”, destaca Cinthia.

A Flip 2018 acontece entre os dias 25 a 29 de julho, em Paraty (RJ) e a programação é tão diversa quanto potente. Temas atuais entram em cena e a festa literária promove o diálogo e a reflexão sobre amores, machismo, a existência e a finitude das coisas. A poética de Hilda Hilst permeia a base das discussões.

 

Três perguntas para Eduardo Lacerda, editor da Patuá

Com que leitores você busca dialogar?

Eu poderia dizer que inicialmente buscava dialogar com leitores de poesia, de literatura, dispostos a conhecer novos autores (quase sempre jovens) que publico, mas percebi que os leitores não-leitores, isto é, a maior parte das pessoas que leem nossos livros, mas não têm ainda o hábito da leitura, talvez sejam os leitores mais fascinantes, pois trazem leituras inusitadas, experiências novas. É realmente muito motivador perceber que, de algumas maneiras, nós ajudamos a criar novos leitores de poesia, de literatura, gosto de pensar que posso dialogar com esses leitores.

FLIP 2018: Diversidade de trajetórias


Como é possível acessar de maneira eficaz os novos leitores?

Penso, penso muito em como podemos atingir novos leitores. Acho que o escritor não necessariamente precisa pensar no público quando escreve. Por fim, você não escreve para um leitor ideal esperando aquele texto, aquele livro, isso limitaria muito o que pode ser a literatura.

Por outro lado, o trabalho de formar novos leitores passa por outros profissionais, passa pela educação, pela criação de novas bibliotecas, pela valorização dos profissionais envolvidos com o livro. Como revisores, ilustradores, passa pela democratização do acesso ao livro. Simultaneamente, passa pelo incentivo à criação de livrarias de rua, pela diminuição do preço do frete, pela valorização do escritor e sua profissionalização.

Múltiplos caminhos

Para você, o que é preciso para ser um bom escritor atualmente, com um trabalho de qualidade e que se mantenha no mercado?

Para a literatura, eu acho que é importante esquecer o mercado e o meio literário, isso não é literatura. O mercado serve a interesses comerciais, o meio literário a interesses corporativistas, é só meio mesmo. Ainda mais, não é início e nem um fim. Claro, vivemos nesse mercado e nesse meio, precisamos pagar as contas, formamos naturalmente grupos de interesses comuns. Por fim, tudo isso é natural e acontece.

Mas a literatura deveria mesmo ser algo além de tudo isso. Então, se isso é um conselho, afinal, eu aconselho ao escritor, por fim, apenas escrever, procurar escrever bem, mas isso também é tão imprevisível. Pode-se perfeitamente escrever bem e não ser um bom escritor.


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