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Foto do escritorIsabella de Andrade

A Cobradora reúne histórias reais de mulheres que trabalham no ônibus

O ônibus é um prato cheio para quem quer encontrar boas histórias. Além de servir como meio transporte diário para boa parte da população, o conhecido baú reúne gente de diferentes estilos, origens e pensamentos. A partir de histórias contadas por um dos personagens mais característicos dos ônibus, A Cobradora, a Zózima Trupe construiu seu novo espetáculo. A peça fica em cartaz até este fim de semana no Sesc Vila Mariana e leva ao palco um pouco da vida e do cotidiano de figuras tão importantes que costumam passar despercebidas no trajeto de muita gente.

As cobradoras de ônibus do Terminal Parque Dom Pedro foram a fonte de coleta das histórias, que no palco se somam à ideia da mulher cobradora, aquela insubmissa, a Lilith que abandonou o Éden, a que exige igualdade, respeito e dignidade. Enfim, uma cobradora dos seus direitos.


Foto: Katrina Coelho

“Quando você abre a porta do ônibus é igual uma porta de uma igreja, qualquer um entra: o preto, o branco, o pobre, o rico, o ladrão, o estuprador. Enfim, você vê de tudo um pouco.” destaca Maria das Dores, uma das cobradoras.

Com direção de Anderson Maurício e dramaturgia de Cláudia Barral, o espetáculo, estreado pela atriz Maria Alencar, mergulha em uma pesquisa sobre o ônibus urbano como espaço cênico. É um lugar democrático, pronto para surpreender. A dramaturga afirma que todas as entrevistadas são mulheres guerreiras que, só por estarem no transporte público, estão cobrando o seu lugar. Enfim, o corpo delas ocupando o espaço já é um ato político.

A Cobradora – O ônibus como espaço cênico

“A importância de trabalhar esse texto é a importância de falar do feminismo. É importante. Temos que discutir o papel e o lugar da mulher numa sociedade patriarcal, extremamente violenta. Por fim, o teatro se conecta com as pessoas de todas as idades, através do encontro que ele propicia. Teatro é um convite à celebração do pensamento”, afirma Claudia.

Em cena, o grupo buscou manter a oralidade e a informalidade do texto, mostrando características presentes na vida das mulheres entrevistas. “Pensamos na construção narrativa, em como um tema se une ao outro. Nosso objetivo era manter as características daquelas mulheres, sem precisar de personagens específicos”, destaca a atriz Maria Alencar. Para ela, o grupo busca construir novas realidades, pensar em que sociedades nós queremos.

Para construir o espetáculo, o grupo fez um recorte das entrevistas para encontrar o que era comum a todas as mulheres. Por fim, o principal tema encontrado foi a opressão, logo depois, as dificuldades financeiras e de gênero.

Duas perguntas para a atriz Maria Alencar

Como surgiu a vontade de pesquisar o ônibus como espaço cênico?

A trupe foi montada em 2007, com todos os alunos da Fundação das Artes. Todos os fundadores eram moradores da Zona Leste e passavam muito tempo dentro de ônibus para ir até o curso. Eles começaram a olhar esse meio de transporte que eles tanto usavam como potência para o teatro. A Zózima Trupe se constrói dentro desse espaço. O ônibus como espaço de potência cênica e democrático para pesquisar o teatro. Fazer teatro dentro do ônibus é, enfim, uma escolha política e poética. Enfim, o espaço do ônibus é árido, meio marginalizado, mas que te coloca em relação a muita gente de forma horizontal.

Como surgiu A Cobradora?

A Cobradora surge da nossa relação com a história oral e da pesquisa que fizemos no terminal Parque Dom Pedro. Ficamos uma média de 7 a 8 anos nesse terminal. E também o espaço que estamos sempre dentro do ônibus. O contato com as cobradoras nos coloca em contato com essas histórias. É muito importante ver também como nós nos relacionamos com a história dos outros. Por fim, é interessante pensar que, além de serem cobradoras, elas desenvolveram outros trabalhos ao longo da vida. Enfim, são muitas experiências.

 

Serviço

A Cobradora Quando: 13 de setembro a 19 de outubro de 2019. Horário: Sextas, às 20h; e sábados, às 18h. Local: Sesc Vila Mariana | Auditório | Capacidade: 128 lugares Rua Pelotas, 141, São Paulo – SP | Informações: 5080-3000 Ingressos: R$ 20,00 (inteira). R$ 10,00 (estudantes, +60 anos e aposentados, pessoas com deficiência e servidores da escola pública). R$ 6,00 (Credencial Plena válida: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciados no Sesc e dependentes).

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