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Como a literatura pode transformar pessoas

Foto do escritor: Isabella de AndradeIsabella de Andrade

Depois de ler e ter contato com diferentes projetos e iniciativas que mostram o poder dos livros, da leitura,das histórias e dos elementos relacionados a literatura para realizar transformações, decidi iniciar a série de matérias: “Como a literatura pode transformar pessoas”. Começo hoje com uma iniciativa do Distrito Federal, o Projeto Livro livre, que possibilita que jovens em medida socioeducativa montem bibliotecas com suas próprias mãos. 


A coordenadora da Biblioteca pública de Taguatinga, Jacyara Cavalcante de Paula, idealizou o projeto Livro livre, criado em 2014, com o objetivo de levar arte e aprendizado para jovens e crianças do Distrito Federal. O projeto é atualmente desenvolvido por uma equipe cuidadosa, que busca criar, desenvolver e executar as atividades de maneira simples e eficaz, para incentivar todos os participantes a aprender novas técnicas e possibilidades de desenvolvimento de trabalho através dos livros e daquilo que se expande através do universo literário. A ideia básica é montar, junto com os adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, bibliotecas que funcionem dentro de suas unidades de atendimento. A equipe orienta e desenvolve as oficinas, assim, os jovens aprendem novas técnicas que passam por criar estantes feitas de caixas de frutas até selecionar e registrar os livros que farão parte do acervo. Todo o acervo utilizado para montar as bibliotecas é resultado de doações, que são selecionadas e repassadas aos jovens. A equipe do projeto vai até cada unidade desenvolver suas atividades, deixando um rastro artístico e literário por onde passa.

Quando as atividades terminam o grupo participante sai da biblioteca com um certificado e levam para casa os conhecimentos adquiridos. “O projeto já acontece em Samambaia, Taguatinga, São Sebastião e Recanto das Emas. As bibliotecas se transformam em um novo espaço de atividades e o certificado que eles recebem pode ajudar, inclusive, na hora de entrar no mercado de trabalho”, conta Jacyara. A coordenadora afirma ainda que o contato com os livros durante o processo de implementação das bibliotecas é outro ponto fundamental no crescimento destes jovens, já que possibilitam ali um inventivo e uma curiosidade maior em conhecer novos autores, palavras e histórias. Esse despertar por novos interesses é de grande importância para a reinserção e integração dos jovens à sociedade.

Com o objetivo de mostrar que a arte pode ser um caminho para modificar pessoas, a inauguração da biblioteca foi feita com diversas atividades culturais e contou com músicos como o flautista Marlo Reis, o artista plástico Branco, o integrante da Brasília popular orquestra, Flávio Vieira, além de contadores de histórias, todos considerados amigos do Livro livre. O projeto é uma extensão da Biblioteca pública de Taguatinga e conta com apoio do Sistema de bibliotecas públicas do Distrito Federal, ajudando a criar e fomentar bibliotecas dentro das Unidades de atendimento locais, através do trabalho artesanal criado pelos jovens. A criação dos adolescentes produz caixotes artesanais que são transformados em estantes e preenchidos com os livros que farão parte do acervo pessoal de cada unidade.

Cheila de Souza é professora atuante em bibliotecas e também faz parte da equipe que conduz as atividades de formação técnica desde 2014. Ela acredita que um dos pontos mais importantes do projeto seja colocar os participantes em contato com todo o processo literário, desde a confecção física das bibliotecas. “Muitas vezes esse é o primeiro contato que aqueles meninos têm com esse ambiente e a gente gosta de dizer que propicia esse contato de dentro para fora, ensinando desde o processo da estruturação física até a seleção e preparação das obras que ficarão nas estantes”, conta a professora. O período das atividades e oficinas costuma variar em cada grupo, que tem em média 10 adolescentes, podendo durar até um mês, sempre com encontros duas vezes na semana. Cheila conta que no início muitos jovens não se mostram receptivos à confecção das estantes mas começam a modificar sua opinião e pensamento durante os encontros e o contato com os livros. “Nós fazemos sempre algumas rodas de conversa, falamos sobre artistas, pintores, escritores. Depois fazemos tudo juntos, colocamos a mão na massa também”, afirma.

A proposta principal do projeto é criar agentes multiplicadores dentro de cada unidade, que possam continuar os trabalhos e a manutenção das bibliotecas depois que as oficinas terminarem. “Nós damos as ferramentas e queremos que depois eles façam sozinhos, que andem com as próprias pernas”, afirma Cheila de Souza. A criadora do projeto literário acredita que a arte, a cultura e a educação são os instrumentos mais eficazes para transformar vidas e pessoas. “É o olhar belo e leve da alma que possibilita formar um cidadão crítico, ponderado. É essa leveza que precisamos semear”, declara a coordenadora. É possível dizer que a literatura abre novas possibilidades para que o leitor possa compreender e enxergar de outras maneiras o mundo em que vive, expandindo seus conhecimentos e ampliando horizontes. O livro pode ser considerada uma das pontes que conecta indivíduos ao mundo da imaginação, criatividade, reflexão e descobertas, desenvolvendo a consciência crítica de cada leitor.

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Para entender

O que define que uma criança ou adolescente está em situação de risco é a confirmação de que seus direitos fundamentais estão violados ou que há ameaças de lesão. Pode ocorrer por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável e em razão da própria conduta da criança e do adolescente. As medidas protetivas são aplicadas com a finalidade de cessar a situação de risco, proteger a criança ou adolescente e garantir o pleno gozo dos direitos ameaçados. Já as medidas socioeducativas são aplicadas para possibilitar a ressocialização de menores infratores.

Circuito de livros nas bibliotecas públicas

Durante todo o mês de abril diversas bibliotecas públicas recebem o Circuito de feiras do livro do Distrito Federal. O objetivo do evento é fomentar o hábito da leitura e torná-la prazerosa a todas as idades, além de aproximar a literatura de artes performáticas como teatro, música e arte urbana. A ideia é que projetos como este possam incentivar e manter o hábito da leitura, e feiras serão montadas em bibliotecas públicas dos locais visitados e as atividades fazem parte do Plano do livro e da leitura do DF e também do Plano nacional do livro, leitura e literatura. Com entrada gratuita e aberta ao público, os encontros serão em Brazlândia, Ceilândia, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Varjão e Taguatinga.

Sobre a biblioteca de Taguatinga

Criada a partir da utilização do galpão de marcenaria do antigo Colégio EIT, a biblioteca inicialmente como comunitária e em 1991 foi inaugurada como Biblioteca Pública de Taguatinga. O local possui um acervo de aproximadamente 35.000 livros ativos, além de oferecer telecentro com acesso à Internet, videoteca (CD/DVD’s) e oficinas de artesanato e inclusão digital.

Enquanto isso, conheçam o trabalho da professora Maria Helena Negreiros


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