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Da capital para o Brasil – Teatro do Concreto

Foto do escritor: Isabella de AndradeIsabella de Andrade

O premiado grupo brasiliense Teatro do Concreto já é conhecido pelo público da cidade por suas características inventivas em seus espetáculos, principalmente a preferência por apresentar-se em lugares inusitados e fora do palco convencional. O grupo vai levar a cultura cênica criada em solo candango para seis outras cidades ao redor do país, entre elas, Planaltina (ainda dentro do Distrito Federal), Anápolis (Goiás), Rio de Janeiro, Paraty, Belo Horizonte e Ouro Preto. O espetáculo escolhido é Entrepartidas, resultado de dois anos de pesquisa sobre o tema amor e abandono na sociedade contemporânea. O grupo tem por base aliar pesquisa artística com iniciativas de ampliação do diálogo com a sociedade, colocando-se como um dos protagonistas na cena contemporânea da capital.

O diretor do grupo e da peça Entrepartidas, Francis Wilker, conta que desde o início a companhia se interessa pela relação com as potências de espaços não convencionais de apresentação. “Cada espaço tem uma gramática própria, memórias e pode construir muitas possibilidades de discurso e sentido para a cena. Além disso, uma oportunidade de propor aos espectadores outras formas de vivenciar a cena e a cidade”, afirma Wilker. Ao longo do processo de criação, o grupo tem por costume experimentar diálogos com o espaço que se conectem com o tema de pesquisa e a encenação se aprofunda a partir do discurso criado com este trabalho. “No caso de Entrepartidas interessava dialogar com espaços públicos e privados, além, da noção de trânsito, movimento. Por isso fazemos em um ônibus, uma praça e uma casa”, conta o diretor.

Francis conta que o espetáculo trabalha com afetos e proximidade, fazendo ao público um convite para olhar as ruas de dentro e enxergar a poesia da vida. “As pessoas se envolvem muito e embarcam na viagem. Acho que falar de amor, das relações afetivas é um tema ancestral e imortal. Então, mobiliza muito, não fica velho e nem ultrapassado porque encontra ressonância no corpo e memória dos espectadores”, declara Francis. O espetáculo teve sua primeira estreia em 2010 e o processo se iniciou ainda em 2007. Ao longos destes anos, o grupo realizou diversas experimentações em diferentes espaços de Brasília: nas ruas, Conic, rodoviária, cemitério. O diretor conta que interessava ao grupo as muitas portas de entrada para tatear o tema do amor e abandono. Paralelo a isso muitas improvisações, propostas de dramaturgia e testes de percursos foram feitos até alcançar o resultado atual. “A cada nova cidade são outros espaços, outro trânsito e o trabalho do grupo sempre se redimensiona”, declara.

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A atriz Maria Carolina Machado entrou para o Concreto em 2003 e foi lá a sua primeira experiência com o teatro. “Lá foi a minha escola, o grupo tem muita pesquisa teórica e prática, processos longos e intensos, foi um aprendizado muito rico para construir a minha base de atuação”. A atriz conta que o processo de criação depende muito do corpo que se quer criar para aquele determinado personagem e, em Entrepartidas, o foco é a rua, o trabalho de composição com os ambientes da rua e como se fazer teatro neste espaço sem precisar competir com os elementos presentes. “Nesse processo a gente leu muitos textos do Caio Fernando de Abreu, fizemos muitas performances e intervenções cênicas na rua antes de iniciar o espetáculo. Durante todo o processo fizemos vários exercícios na rua para nos adaptarmos a essa organização”, afirma Maria Carolina.

Vale ressaltar que o trabalho de criação do Teatro do Concreto é sempre coletivo, criando uma unidade ao grupo e força conjunta no palco. Maria Carolina acredita que Entrepartidasainda faz sucesso depois de tanto tempo em cartaz por sua característica efêmera e itinerante. O espetáculo é sempre apresentado em diferentes ruas, praças e casas, fazendo o elenco se adaptar continuamente aos novos espaços. “Isso nos dá um frescor em cena, a peça nunca é a mesma. A encenação, direção e atuação mudam continuamente. Além disso, os temas que abordamos em cena causam muita empatia no público”, conta a atriz. Ao longo de sua trajetória, o Concreto acumula 08 criações cênicas, 03 publicações e projetos de interação com a comunidade. Entre as principais características de seus processos estão: a criação por meio do processo colaborativo; a construção de dramaturgia própria; uso de elementos biográficos; investigações em espaços urbanos e a relação com a performance.


Os espaços urbanos, ocupados com seu habitual movimento orgânico e calmo da noite, é palco para a jornada do grupo que se aventura em fazer teatro em lugares fora do convencional, ativando o imaginário de seus espectadores. Em Entrepartidas o amor e o abandono se cruzam entre as ruas e as estruturas de nossa sociedade atual, fazendo o público pensar nas dificuldades em dividir, na possibilidade de prazer do abandono e na presença do amor na sociedade contemporânea. A estrutura criativa do grupo roda agora diferentes cantos do país e promete representar a criação teatral brasiliense em sua forma mais firme, autoral e conectada.

 

Serviço:

De 15 a 18 de setembro (Planaltina, Distrito Federal)

De 22 a 25 de setembro (Anápolis, Goiás)

De 6 de outubro a 14 de novembro (Rio de Janeiro)

De 17 a 20 de novembro (Paraty)

De 24 a 27 de novembro (Belo Horizonte)

De 1º a 4 de dezembro (Ouro Preto)

Entrada a preços populares: 20 a inteira

Classificação indicativa: 16 anos

Duração: 150 minutos

Público por sessão: 30 pessoas

 

Principais espetáculos do Teatro do Concreto:

Sala de Espera (2003)

Borboletas têm vida curta (2006)

Diário do Maldito (2006)

Inútil Canto E Inútil Pranto Pelos Anjos Caídos (2007)

Ruas Abertas (2008)

Entrepartidas (2010)

Extraordinário (2014)

 

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