Experimentar-se
- Isabella de Andrade
- 5 de jul. de 2015
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Entrou em casa batendo portas e culpando, incessantemente, as janelas. Vociferava ao vento de fora, que arremessava ao alto as cortinas, como se o canto da rua fosse responsável por toda a ideia de aprisionamento. Se não houvesse a rua, se a lua não berrasse imensa lá fora, se não houvesse som de conversa, riso de festa e um céu como esse, que nos arremata os olhos, te juro, seria mais possível não entender-se preso. Se não houvesse riso, seria mais sensato saber-se estático. Se não houvesse amor, seria plenamente compreensível o silêncio do próprio não. Mas existem todas as coisas, por diabos! Elas existem. É preciso então desistir de compreender-se, há tempos o prêmio dos tranquilizados é entregue aos que se deixam desintegrar. Experimentar-se é a fuga e a vantagem que nos resta.
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