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Foto do escritorIsabella de Andrade

Flor de ontem

A flor de ontem carrega-se de silêncio.

Com cheiro fraco e colorido desbotado,

procura agarrar-se à cor diversa

do próprio tempo.

A flor de ontem não se sabe flor

Não se sabe pétala ou perfume.

Não se lança ao vento,

Nem tanto ao mar.

A flor de ontem aquieta-se pela própria incerteza

De não saber mais bailar ao correr do dia,

Nem ao menos sorrir

Com o próprio desabrochar.

A flor de ontem não desabrocha,

Não mostra amor, ou raiva, ou desassossego.

A flor de ontem é rosa partida

É coisa murcha que se tomou de medo.

Ninguém olha a flor de ontem, ninguém vê,

nem nunca viu.

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