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Foto do escritorIsabella de Andrade

Fuga de poeira

Todo terraço é um escape do mundo. Agradeço até o fim dos dias a quem me apresenta, entre o tumulto do concreto ou o tic tac da maquinaria cotidiana, um bom terraço silencioso. Agarro-me à sensação de estar mais perto do céu, mais quente ao sol, mais por dentro de uma pequena imensidão que alcançam meus olhos. No terraço a vida passa devagar, tão devagar que as frutas que se carregam nunca acabam, ainda que se intensifiquem as mordidas. Eu comi uma maçã eterna, com gosto de parede quente se misturando ao sabor de vontade de se perder além dos olhos. Meu terraço é um espaço de fuga urbana, olho ao céu e ao lado, quase melancólica, e continua a movimentar-se alguma grande construção. É um terraço poeirento, como são todos os espaços vazios que se perdem entre o cerrado, mas te juro, seria possível me esparramar em toda a poeira e esquecer do tempo. É esse o segredo dos terraços, amplitude de todo canto apertado, faz-se esquecer que há gente abaixo e ao redor.

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