Interminável
- Isabella de Andrade
- 5 de out. de 2015
- 1 min de leitura
No abismo interminável ao alcance dos olhos seria então possível entregar-se outra vez ao que aprendíamos a chamar de paz. Sem tentativas de fuga, ouvidos fechados ou palavras desenganadas. Entregar-se ao vazio do vento sempre fora a maneira mais sincera de pertencer outra vez ao próprio estado, não necessariamente lúcido, mas vazio de dúvidas ou qualquer reclame por atenção. Esvaziar-se ao som inseparável da própria respiração, mais eficaz e excitante que qualquer risada forçosamente disparada. Era então outra vez gente, era então outra vez menino, outra vez ágil e capaz de todos os sonhos do mundo. Sorria ao lado, em um abismo pouco distante, um rosto ameno, enrugado e tranquilo. Não nos falaríamos, permaneceríamos serenamente distantes, respirando a compreensão da busca individual que pulsa de qualquer indivíduo que entende-se como andarilho só. Assim somos todos. Outro gole gelado de água, aliviando de maneira extravagante o instante de deixar-se esquecer ao sol.
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