top of page

Movimento

Foto do escritor: Isabella de AndradeIsabella de Andrade

(…) Ela apertava assim os dedos em uma espécie de vontade contínua por movimento. Um depois o outro e depois o um, faziam barulho de fricção de pele. E apertava os olhos então, bem pequenininhos, a boca também apertada, fazendo uma curvatura que impedia a qualquer um saber se era o momento de lhe disfarçar o encontro de olhos ou lhe retribuir alguma espécie de sorriso torto. Andava rápido se havia muita gente, pois gente em excesso lhe causava uma respiração curta e uma fuga meio desvairada. Há que se adaptar àqueles que têm medo do silêncio. Passava depois as mãos assim, vagarosamente, nos braços, como a ajeitar os pelos atirava ao redor à certeza de que era absolutamente improvável lhe arrancar os olhos do céu. Aprendeu a viver de olhares demorados, pois assim era um tanto mais possível ver as nuvens e enxergar o mar.

0 visualização0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Tão bom

Era só mais um tantinho de nada, pensativo e perdido em um instante qualquer. É isso o pensamento sem crença, sem sonho, um tantinho de...

Há ainda

Existências sentadas, quase conformadas. Haveria de ser a mesmice a eterna solução? Não. Há ainda os olhos que se encontram e a vontade...

Pelos olhos de ver o mar

Havia o tempo da descoberta, da reinvenção, do riso e de outro despertar. A gente tenta fugir do tempo, impassível, constante, fiel, e...

Comments


bottom of page