Nos entendemos
‘Tu é romântica com o papel’. Tive de recapitular uns instantes, não é romantismo barato, é amor, oras. A quem mais entregaria? Peguei por ele, papel, um amor de menina. Era recreio procurando livro com figuras, quadrinho entre o tempo da barraca com lençóis e os diários, todos perfumados e cheios dos infortúnios da infância. ‘Ele disse que menina feia esconde a cara atrás de livro’. E não é que moldou um pedaço importante de mim, o bobalhão? Não lembro a cara, mal lembro o nome, mas lembro o instante, continuo a esconder atrás do papel. Infortúnio (ou solitária vantagem) de quem ama pra dentro. E é preciso de outro jeito? Rabisquei de novo, borrei o dedo de tinta e sujei a folha nova. Não importa, meu amor me entende, nos entendemos nós.
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