Untitled
- Isabella de Andrade
- 6 de jul. de 2015
- 1 min de leitura
Escrever é um dos poucos vícios socialmente aceitos, permito-me abusar. Penso que escrevemos pela necessidade, já não me apego ao talento ou relevância. Quando pensamentos, imagens, ideias, sonhos e lembranças rodopiam incessantemente pela cabeça, dançando ciranda e rindo em movimentos circulares, é preciso explodir de alguma maneira. Há quem goste de explodir-se e deixar-se vazar pelas mãos. Eu, cabeça flutuante que sempre fui, com aquela falta de concentração necessária para despertar a vontade de fazer tudo e querer abraçar o mundo todo com os meus próprios braços, procurei por diversos cantos, contos, encantos e possibilidades, meu lugar perfeito para deixar fluir as ideias dançantes.
Desde pequena ouvi com frequência que era preciso manter o foco. “Não tente fazer tudo ao mesmo tempo”. “Tenha foco, concentre-se em uma coisa só”. “Pare de tentar abraçar o mundo com as suas mãos, menina”. Mas o mundo é grande demais para querer diminuir minhas paixões. Tive e tenho tantas e são todas tão bonitas. E entre coxias, palcos, sapatilhas, máscaras, figurinos, partituras, fotos, claves, cadernos, lápis e papéis, consegui rodopiar por entre mundos diversos.
Ainda não tenho lá muito foco, mas paixão não me falta. E depois de correr por entre tantas portas e janelas diferentes, entendi que a palavra nunca me soltou. É ela que me agrada, me tira do sufoco e me abraça a qualquer hora. Entre dedos e linhas é possível deixar o excesso transbordar. Entre os papéis que me ocupo, as ideias, aliviadas, podem respirar com mais tranquilidade.
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